Elza Soares foi a homenageada da Tom Maior na ala de passistas no Carnaval 2020 em uma das alas, na noite de 21 de fevereiro.
"Nossa ala é composta por 95% de mulheres: guerreiras, fortes e com muita personalidade. Representar Elza Soares foi personificar o sentimento que já nos representa! Foi incrível ver todas orgulhosas e felizes com suas fantasias muito bem feitas pelo Ulisses e equipe do barracão, as sandálias maravilhosas da Vi Ferraco e a maquiagem criada pela @makeupdeliz. Obrigadaa todos os envolvidos!", exclamou a coordenadora.
O júri da votação do Prêmio SASP foi formado por membros da equipe SASP e profissionais de diversos veículos de imprensa, que cobriram os dias de folia no sambódromo do Anhembi.
Nas ondas sonoras do rádio, o gênio letrado de “Aquarela do Brasil” ousou ironiza-la ao perguntar de que planeta ela havia vindo só porque suas roupas carregadas de alfinetes para caber no corpo franzino eram singelas. A menina magricela de infância sucumbida por baldes d’água na cabeça dos afazeres domésticos não hesitou ao responder: “eu vim do planeta fome”.
Ao cantar Lama se tornou Deusa logo em sua estreia. Talvez Ary Barroso tivesse que ter conhecido Elza antes de definir nosso chão. Com certeza, ele não teria esquecido de dizer que a arte preta desse país também faz parte da aquarela.
Dona da rouquidão inconfundível. Voz das vozes femininas. Colocou holofotes em mulheres de brasis não explorados. Inseriu carnes pretas no mapa que antes só era ocupado por brancos.
Ocupou postos inimagináveis, estamos falando da pioneira voz feminina da Sapucaí. Ela é uma estrela e se apaixonou por outra tão independente quanto ela: Salve a Mocidade! Falando em amar, sem limites se entregou ao Mané. Mais tarde flertou com o sofrimento a ponto de quase apagar a luz do seu show, mas voltou para ser a Mulher do Fim do Mundo e continuar liderando tantas mulheres a serem donas de si.
O figurino que ilustra a personagem é caracterizado pelo uso massivo da cor vermelha, identificada com o feminismo contemporâneo (tal qual o violeta), em especial da luta contra o feminicídio. Na cabeça, um turbante, símbolo étnico (e de debate da apropriação cultural) é adornado pelo símbolo do feminismo negro, os punhos cerrados sobre o símbolo do feminino.
Os passistas masculinos que acompanham a personagem remetem à figura do malandro carioca, personagem típico da década de 60, quando Elza alcança o auge de sua carreira..".
É COISA DE PRETO
"É Coisa de Preto" é um enredo afirmativo, que mostra que a contribuição de negros e negras para a formação de nossa nação vai muito além do estereótipo. Nosso desfile mostrará como os africanos se tornaram afro-brasileiros e trouxeram sua contribuição não só física, mas (principalmente) intelectual no desenvolvimento de nossa sociedade.
Líderes, estudiosos, escritores, poetas, artistas populares e eruditos, transgressores sociais... Personagens que o preconceito insiste em ofuscar de nossa história, mas que devem ser trazidos aos holofotes para o devido reconhecimento, e também para inspirar as novas gerações.
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