Ala 05 - Asa Branca
E então o Pequeno Príncipe partiu de seu planeta, depois de cuidar de seus vulcões e regar pela última vez a sua Rosa. Nesse momento, sentiu vontade de chorar.
— Adeus — disse ele à flor.
Mas ela não respondeu.
— Adeus — ele repetiu.
A flor tossiu. Mas não era por causa de seu resfriado.
— Fui tola — disse-lhe por fim. — Você me perdoa? Trate de ser feliz. Eu amo você. Você nunca soube, por culpa minha. Não tem importância. Mas você foi tão tolo quanto eu. Trate de ser feliz… Deixe essa redoma em paz. Não quero mais.
— Mas o vento…
— Não estou tão resfriada assim… O ar fresco da noite me fará bem. Sou uma flor.
— Mas os animais…
— Tenho de tolerar duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas. Parece que são lindas. Senão, quem virá me visitar? Você vai estar longe.
E então, ele se aproveitou de uma revoada de asas brancas que passava por ali e voou em direção à esperança. E não tinha mesmo jeito melhor de sair dali.
As asas brancas são um dos maiores símbolos do nosso sertão. Elas são aves migratórias típicas e que foram imortalizadas na obra de Luiz Gonzaga ("Asa branca" e "O retorno da asa branca") porque simbolizam essa busca de um outro lugar. Onde haja água, fartura e, no caso do nosso pequeno galego, a paz que ele estava buscando.
O Pequeno Príncipe no Sertão
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Uma das frases mais reproduzidas da literatura pertence ao livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Em 2022, a Tom Maior vai trazer essa e outras reflexões da obra infantil para a Avenida, mas de um jeitinho bem brasileiro, contextualizando a história no Nordeste. “O Pequeno Príncipe no Sertão” é o nome do enredo que será desenvolvido pelo carnavalesco Flávio Campello.
Há quem diga que o autor se inspirou na capital do Rio Grande do Norte, Natal, para escrever este clássico da literatura. Por isso, nada mais justo do que recontar O Pequeno Príncipe no sertão nordestino: “Por que não transmitir as mensagens do livro, adaptando-o para o sertão, unindo a sabedoria de O Pequeno Príncipe ao berço da sabedoria popular que é o nosso Nordeste?”, diz o carnavalesco.
O livro de Antoine de Saint-Exupéry traz muitas lições atemporais. Para carnavalizar e abrasileirar essa história, Flávio Campello vai contar com a ajuda de personagens conhecidos do sertão: “Por que nosso aviador não pode ser um sertanejo caminhoneiro? Por que a revoada de pássaros que leva O Pequeno Príncipe a viajar não poderia ser de asas brancas? Por que o Rei não poderia ser o Rei do Maracatu? Sempre preocupados em manter a mensagem original, da obra original, com essa pequena adaptação ao nosso Nordeste tão festeiro, tão alegre, colorido! Iremos transformar o nosso Nordeste numa linda história lúdica! O público poderá esperar a emoção!”
Campello tinha com ele a vontade de trazer a história de O Pequeno Príncipe para o Carnaval. A ideia começou a ganhar força com a ajuda de Judson Salles, diretor de Carnaval da Tom Maior, que há muito também cogitava o tema. Da pesquisa, dois outros parceiros surgiram para agregar no projeto da agremiação: Josué Limeira, que adaptou a obra de Antoine de Saint-Exupéry para a literatura de cordel, e Vladimir Barros, ilustrador da versão. Empolgação é o que não falta para o carnavalesco: “Eu confesso que estou apaixonado por esse projeto! Estou muito motivado, e o melhor de tudo: será totalmente desenvolvido com tempo, amor e dedicação que essa quarentena nos proporcionará”, finaliza.
Com o enredo “É Coisa de Preto”, desenvolvido pelo carnavalesco André Marins, a Tom Maior ficou com a oitava colocação entre as 14 escolas de samba que disputaram o grupo Especial, somando 269,3 pontos no Carnaval SP 2020
Você já ouviu o canto da asa branca? Ouça aqui e veja muitas outras informações sobre a ave símbolo do nordeste brasileiro: https://casadospassaros.net/pomba-asa-branca/
0 Comentários